quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

minissérie periódica e imperdível - último capítulo

Algumas dicas rápidas para a minissérie não ficar maçante:

1) compre uma série de pulseirinhas com pingentes de coraçãozinho, estrelinha, luazinha e cachorrinho;
2) faça uma tatuagem colorida de unicórnio, borboleta ou querubim no pescoço (essa é uma atitude nível 10);
3) marque um almoço durante a semana e deixe ele esperando até, no mínimo, 13h15min, por você na frente do salão de beleza – converse intimamente com as atendentes, para mostrar que você é habituè, e chame todos os veadinhos do salão pelo nome ou, melhor ainda, pelo apelido;
4) faça compras no shopping com ele junto, pague no cartão de crédito e finja que não sabe o melhor dia pra comprar – saque qualquer um da sua carteira Victor Hugo cor Caramelo;
5) tenha sempre uma Revista Nova ou Boa Forma no banco de trás do carro;
6) componha o seu case de CD´s com o seguinte repertório: Djavan; um CD de pagode e um de hip hop bem conhecidos; Acústico MTV do Kid Abelha; Marisa Monte; as 7 Melhores da Joven Pan nº 7; Renato Russo em Italiano; Cd de algum cantor cego ou aleijado; o primeiro do Charlie Brown Junior;
7) fale bastante sobre futilidades com as suas amigas pelo celular. Falando em celular, cole um adesivo de algum personagem de desenho animado japonês nele;
8) nunca aceite um convite para fazer alguma viagem em que você seja obrigada a se privar de confortos básicos, como água quente, colchão de molas, serviço de quarto e shopping. Se você não resistir, ao menos não desça do salto e dê uma resmungadinha básica – fale do calor, dos mosquitos ou que o seu tamanco anabela não está adaptado a terrenos rochosos;
9) no supermercado, jamais faça a conta do que vale mais a pena: duas embalagens de 300g ou uma de 600g. Você não tem que se preocupar com isso, definitivamente, até porque a embalagem menor é sempre mais delicada e é ele que vai pagar a conta mesmo. Aliás, não cheire as frutas pra ver se estão gostosas, nunca escolha a carne pelo frescor do vermelho e muito menos o peixe pela vivacidade dos olhos, já que você não entende nada disso;
10) nunca se ofereça pra preparar alguma coisa pro churrasco do domingo. No máximo, leve um pudim pronto de Leite Condensado Moça comprado no supermercado;
11) use creme Victoria´s Secret de Baunilha no corpo todo – tome meio Dramim antes, pra não enjoar;
12) fale bastante nos seus pais – isso demonstra que você tem sólidos valores familiares e será uma boa mãe para os filhos dele;
13) trate a todos, principalmente garçons, caixas de supermercado e atendentes em geral, com muita meiguice e jamais reclame que o aspargo não está fresco, que o capuccino está frio ou que tem um senhor fumando charuto na área de não-fumantes – mulherzinhas não reivindicam nenhum direito e não tem a menor noção daquela lei básica do marketing que trata do valor percebido pelo consumidor;
14) seus ídolos são seus avós e algum ator da Globo, pelo seu engajamento social;
15) anteceda as suas frases com a expressão “tipo assim”.

Contribuições para ampliar essa edição são muito bem-vindas.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Minissérie periódica e imperdível - capítulo 5

f) Futebol: tão importante que merece um capítulo exclusivo.
Nunca, jamais, em hipótese alguma e nem sob um decreto, demonstre algum conhecimento técnico sobre o assunto. Tenha um time, mas, caso seja colorada, não cite o Tiago Mattos como o pior jogador da história do Internacional, e nem procure se informar sobre a colocação do seu time do Campeonato Brasileiro. Aliás, pra você não existe a menor diferença entre o Brasileiro e a Libertadores, afinal tudo é Copa do Mundo. Se algum dia você for ao estádio, deixe claro que é só para agradá-lo e contenha-se quando o juiz der cartão pro seu time – não xingue a mãe&%&$#@&&¨$# e faça aquela cara de desentendida. Quando o bandeirinha marcar escanteio, pergunte o porquê do impedimento.

(continua, mas já está acabando)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

minissérie periódica e imperdível - capítulo 4

d) Entre amigos: fundamental um comportamento exemplar de mulherzinha, já que a opinião dos outros animais do sexo masculino vai contar, e muito. Use uma roupa bem coladinha, que deixe você bem gostosa. A primeira vez que você deixá-lo sozinho com os amigos para ver o que as outras mulherzinhas estão fazendo na cozinha, eles estarão dando tapinhas nas costas da sua vítima e avalizando a escolha. Esteja preparada: se os outros homens perguntarem, certamente ele vai confirmar que obviamente vocês já transaram e que você é tão gostosa que já se jogou do lustre da sala gritando “mim-Jane!”. Para não deixa-lo mal, aja como se já fosse todinha dele – mas só na frente dos amigos. Quanto mais você parecer dominada pelo cara na frente dos outros animais homens do círculo de amizades dele, mais forte fica a auto-estima dele, mais egocêntrico ele fica, e, conseqüentemente mais cego e confiante. Daí sim ele vai acreditar que você é mesmo mulherzinha.
e) Em família: conhecer a família do cara se equivale, em pontos, a ele deixar de ir ao jogo de futebol com os amigos pra ir ao shopping escolher o presente de dia das crianças da sua sobrinha. É quase a glória, é quase o altar. Seja meiga, muito meiga, ajude a mãe dele a lavar a louça do churrasco, mas esqueça totalmente as suas habilidades de mulher independente, evitando demonstrar muita destreza na lavagem dos pratos engordurados. Assim, ela vai enxergar, inconscientemente, uma oportunidade imperdível de te ensinar tudo o que você precisa saber em termos domésticos para fazer o filho dela feliz e ter a certeza de que, por causa disso, vai virar a sua ídola pra sempre, além de acreditar que você jamais vai representar alguma ameaça para o feijão espetacular que ela prepara.

(continua)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

minissérie periódica e imperdível - capítulo 3

c) Intimidade: vocês já sairam algumas vezes e, num belo fim de semana, resolvem fazer um programinha de casal: jantinha e DVD. Dado o alto grau de sofisticação e complexidade, este capítulo será subdividido em duas partes:
- jantinha: cozinhe algo leve, que não pese no estômago, e que não contenha cebolas, alhos ou temperos fortes em geral. A salada é fundamental para mostrar que você é uma pessoa que se preocupa com a saúde e o corpinho, e não uma workahollic que curte fast food e outras coisas deliciosas e venenosas da vida cosmopolita. Nunca, jamais, em hipótese alguma e nem sob um decreto abra o vidro de palmitos na frente dele; ou você dá pra ele abrir e faz aquela cara de positivamente impressionada diante da facilidade com a qual ele abre o vidro ou, quando ele chegar, os palmitos já devem estar cortados dentro da saladeira pra não gerar assunto. Abrir a conserva sozinha é o fim para um homem, uma demonstração muito agressiva de independência – ele jamais suportaria e você perderia valiosos pontos. Não tome álcool durante o jantar – água sem gás ou coca-light, por favor.
- DVD: se ele for educado, vai chegar já com o filme em mãos ou vocês irão até a locadora escolhe-lo juntos. Quando ele se inclinar para aquele lançamento que faz uma releitura da Guerra do Vietnã sob o ponto de vista americano, com muito sangue, morte, explosões e todas essas delícias do cinema hollywoodyano, tenha um pequeno chilique, faça beicinho, coloque o indicador da mão direita na boca e sugira, com cara de sapeca, que vocês assistam novamente Doce Novembro. Chore no final do filme, mas de forma comedida para não borrar o rímel. Depois do filme, como boa mulherzinha, puxe um papinho morno, olhe pro relógio e sugira que você está com sono e que, quando não dorme 8 horas numa noite, acorda com a pele “cansada”. Nunca, jamais, em hipótese alguma e nem sob um decreto mantenha relações sexuais com o indivíduo na primeira vez em que ele vai a sua casa. Isso seria uma forma de ruir com toda a obra já erguida nos dias anteriores, dado o sacrifício que foi aturar o papo da surdina e evitar chamar o garçom de “amigo”. Calma, estamos quase lá.

(continua)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

minissérie periódica e imperdível - capítulo 2

(continuação)

b) Primeiro jantar: a mulherzinha profissional pede ao cara que a busque em casa. Na hora marcada, não esteja pronta jamais – demore uns 10 minutos a mais e deixe o cara na sala batendo papo com uma amiga sua que não esteja disfarçada de mulherzinha. Isso vai mostrar ao rapaz que, mesmo em se tratando de uma simples amiga, você tem alguém esperto zelando pelas suas possíveis burrices e leviandades. Espere que ele abra a porta do carro, mas sem ele perceber que você espera por isso – hoje em dia isso soa até meio careta, mas daí já da pra tirar uma temperatura do nível do sujeito. No carro, perninhas cruzadas, bolsa no colo – cuidado com a neurolinguística. Fique observando o cara enquanto ele fala sobre a surdina esportiva do carro e mostre alto interesse - desculpe, é com esse tipo de cara que mulherzinha sai. Sempre sorrindo, achando o papo legal e dando gargalhadinhas delicadas para mostrar seus belos dentes quando ele falar algo que, mesmo que não tenha muita graça, tenha tido a intenção de te fazer rir. Durante o jantar, nunca se dirija ao garçom – deixe que ele o faça por você. Levante ao menos uma duas vezes para ir ao banheiro, mas não demore muito pra ele não achar que você faz número 2 como qualquer outro mortal – mulherzinha é tão perfumada que não faz isso. Nunca, jamais, em hipótese alguma e nem sob um decreto divida ou pague a conta. Se você for muito esperta, se ofereça por educação, de uma forma que a única resposta possível do cara seja “imagina, gatinha” – assim você valoriza a condição de macho dominador da situação, que banca uma jantinha no Steinhauss ou no Ganesh e acha que tá abafando.

(continua na semana que vem)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

minissérie periódica e imperdível - capítulo 1

Vou aproveitar esse espaço semi-público elitista magnífico para reviver algumas linhas memoráveis que escrevi no passado recente - O Estatuto da Mulherzinha de Catálogo, um guia prático da mulher moderna.

Este documento foi desenvolvido com base em um sério estudo antropológico, cruzando os comportamentos e preferências de homens do sexo masculino e mulheres do sexo feminino, e, principalmente, nas vivências pessoais de mulheres que não são mulherzinhas de catálogo. Para tanto, os itens a seguir podem sofrer adaptações conforme o caso. Faça analogias que sejam adequadas ao seu perfil comportamental e aprenda regras básicas que você precisa seguir para não sobrar pra titia ou não ser eternamente a amante do cara que você gosta.

1. Comportamento-padrão: as mulherzinhas em geral apresentam uma estrutura comportamental muito pouco complexa, quase unicelular, acessível ao domínio de qualquer outro ser mulher. Vale à pena contextualizar e analisar os casos isoladamente, a fim de atentarmos aos pontos mais particulares dos movimentos das mulherzinhas, conforme abaixo:

a) Locais públicos: a troca de olhares e aquelas mexidinhas estratégicas nos cabelos são superdesejadas para promover a aproximação. Quando rolar o diálogo, fale de vez em quando e, de repente, mas com toda a calma, solte uma frase de efeito do tipo constatação: “pesquisadores de uma conceituadíssima universidade anglo-saxônica comprovaram que comer alface provoca uma sensação interessante de apatia e relaxamento nas pessoas”. Atente: a informação é absolutamente ignóbil, mas o grande segredo está na forma como a frase foi construída. Ele ficará impressionado com a sua eloqüência e ao mesmo tempo não se sentirá ameaçado pela sua inteligência, afinal todo mundo sabe dessa historinha lúdica do alface.

Adendo 1: se ele não souber de onde pode vir a ser uma Universidade anglo-saxônica, retire-se imediatamente usando aquela velha desculpa do banheiro – você é mulherzinha (ou ao menos está tentando ser uma), mas isso não quer dizer que vai dar mole pro primeiro bonitinho incauto que aparece;

(continua na próxima semana)

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Parece comigo

Esses dias alguém me disse que vê direitinho,estampadas e escarradas, algumas situações que eu já vivi descritas nos meus textos. Deixo claro que é verdade, porém nomes, datas e alguns fatos são alterados para preservação dos seres citados - ou mesmo para manter a minha integridade física, dependendo do conteúdo em questão. Concordei meio de revesgueio com a colocação - tentando me lembrar, naquele dito momento, se a pessoa que levantou o fato havia sido a feliz contemplada de alguma crítica ou ironia capciosa. Sabe-se lá.

Lembrei da Amy Winehouse - aquela mocinha inglesa de outro planeta que vem se auto-destruindo publicamente e que tem, como marca registrada de suas composições, uma dose cavalar de si mesma, de seus anseios, de suas frustrações, desejos, enfim. Tem muita Amy Winehouse nas músicas da Amy Winehouse, assim como tem alguma Fernanda Graeff nesses textos.

Obviamente a minha existência e trajetória não têm sido tão interessantes quanto as peripécias da roqueira supracitada, mas alguns fatos rendem bem uma estorinha. O ponto é que realmente eu levo uma vida comum - bem mais comum do que eu gostaria, mas nem tão comum quanto a minha mãe havia imaginado pra mim - a filha do meio, ainda na barriga - enquanto devorava uma caixa de bom-bons de cereja da Pan (pasmem, mas lá no interior ainda existe essa marca de chocolates).

Comum é aquilo que é igual pra todos. Um lugar público é um lugar comum - uma praça, uma igreja. Eu não acho nada estranho em querer ser uma pessoa-padrão, aquela que se encaixa perfeitamente em todos aqueles conceitos que não provocam nenhuma reação em ninguém. Ser comum é ser normal, dizem os comuns e normais da nossa convivência - vizinhos, parentes, amigos. Eles estão por todos os lados. Ser comum não tem nada de errado - e é esse o X da questão mesmo, sendo bem literal. Uma pessoa comum, teoricamente, não tem no errado uma possiblidade de ação, pois o fato de ela ser comum, igual a todos, dentro do padrão, não lhe permite nenhuma uma atitude passível de reprovação pelo demais comuns. Existe um código de conduta, um método de governança que rege as pessoas-padrão.

Fatalmente acabei trocando a narrativa para terceira pessoa. Juro que foi uma ação independente do meu hipotálamo primitivo, que raramente se manifesta com tal ímpeto. Porém, apesar de critica-lo por esse rompante - mudar a pessoa do texto aleatoriamente é um verdadeiro pecado literário - tendo a concordar com ele. Não que eu não seja um ser comum, mas escrevi de um jeito que me deu vontade de fazer uma careta pro vizinho, rejeitar o meu leite quente antes de dormir ou qualquer outra atitude rebelde ao melhor estilo Ms. Whinehouse.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

amar, mal amar, desamar.

Para começarmos bem essa conversa, alguns esclarecimentos: não se trata de um texto de auto-ajuda, também não é um manifesto feminista – esse artigo é uma crítica. Quanto ao verbo sofrer, atenção: ele não está empregado como um último sopro de alguém à beira do suicídio. É uma simples hipérbole que me pareceu adequada ao contexto (além de ter deixado a idéia bem sonora durante a leitura).

Vamos expor os fatos sem medo de interpretações ou retóricas: amar é uma coisa ótima, faz bem pra pele e não provoca dor ou sofrimento. Suspendam delicadamente a camisa de força e prestem bem atenção nessa nossa infinita dialética.

As pessoas – em especial os seres do sexo feminino – não sofrem e jamais sofrerão por amar. Sofrem por causa das injustiças que cometem aqueles que dizem amar. Amar é um fato. Eu amo fulano e disso independe qualquer outra coisa. Amar está para si assim como um objeto que se basta sozinho - como uma mesa, uma cadeira, um lápis. Não é como uma lâmpada, que precisa de energia elétrica; ou como um prego, que precisa de parede. Amar é um objeto que cumpre a sua função sem precisar de complemento. Não, não é preciso ser amado para amar. Amar é um objeto solitário, independente, auto-suficiente. E ninguém sofre por causa dele. Amar é lindo. Amar traz alegria, traz sorrisos, traz frio na barriga. O amar se basta. Quando a gente tem um amar, a gente só consegue ser feliz. O problema é quando a gente transforma o amar em lâmpada ou em prego - aí dá zebra. A gente sofre mesmo, mas não é por causa do amar, mas sim porque o complemento que a gente inventou de colocar na história não soube ser parede para o nosso prego.

O ser humano sofre porque tem coisas que a gente insiste em fazer, sabendo que não vão funcionar. Tipo ligar uma lâmpada 110v numa rede 220v. É óbvio que ela vai sobrecarregar e acabar queimando. Ou tentar colocar um prego numa parede de isopor. Ele até fica ali, parado, mas não vai servir pra pendurar nada.

Eu admiro de verdade as pessoas que ficam juntas por anos e anos, e permanecem assim por todos os tempos. As pessoas se toleram, entende? Elas sabem se ler, sabem se complementar, e isso só pode ser um talento. As pessoas sofrem por causa do complemento. Porque está escrito que lâmpada sem energia não serve pra nada; que prego sem parede não tem utilidade. Então, de que adianta o amar sem o infernal complemento? Amar cadeira não vale. Amar prego, sim, é isso? Então por que o amar prego é o que vale, se ele precisa de complemento, que é o agente do sofrer?
Sofra por causa do complemento e continue a retórica.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

aniversário

Perto do aniversário, fico meio tonta. Ouço falar que os trinta dias anteriores à data em que comemoramos a nossa chegada oficial ao mundo são o período do famigerado “inferno astral”. Tenho refletido sobre as razões pelas quais o efeito desse período parece tão diferente pra mim.
Pelo fato de ser mulher e saber que o passar dos anos é um grande inimigo da minha categoria, eu deveria mesmo querer distância dessa comemoração – que, sob esse ponto de vista, deveria chamar-se fardo, castigo, moléstia ou maldição, menos comemoração. Estranha essa minha relação com o aniversário – agravada pelo fato de eu estar beirando a idade das musas de Balzac – já que em meados da data, fico feliz e contente, cantarolando, cabelo bom, pele boa. Ouso dizer que até o meu intestino fica mais dinâmico.

Elocubrações à parte, o benefício concreto do aniversário é o que, de fato, tem valor: amigos, telefonemas, presentes. As pessoas lembram-se de você e voltam suas atenções para o assunto – umas mais, outras menos, dependendo do grau de consideração sobre o aniversariante. Esse fenômeno simples faz com que essa pobre vítima da ação do tempo, da correria dos anos, da crueldade implacável das rugas e da hidrolipodistrofia sinta-se o centro de uma mobilização de pessoas que, reunidas, daria inveja até mesmo ao ilustre Bernardo Toro.

Ah, o aniversário. Essa efeméride, que ha alguns séculos era um costume pagão desprezado pelo catolicismo, tem o meu maior respeito e aderência. Saio contando para todos que a data se aproxima, convidando, motivando e oferecendo a um grupo de pessoas absolutamente diferentes a singela oportunidade de reverem os conhecidos, de conhecerem os desconhecidos, de se apaixonarem, de chocarem seus copos uns contra os outros pelas mais diversas razões, podendo vir a estabelecer entre si outros tipos de relações, catalogadas ou não pelo costume ocidental.

Voto sim pelo aniversário. Ele fecha um ciclo. Ele inicia outros ciclos que terão, na mesma data, um novo motivo para reunir. Celebrando ou chorando, o importante é ser memorável, é fazer diferença, é fazer alguém parar e pensar: é hoje. Aniversário é evento, no sentido mais amplo do termo, e eu só escrevi para lembrar que o meu está chegando.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

moral da história (2006)

Esses dias eu ouvi uma frase muito interessante (na TV, por mais incrível que isso possa lhe parecer) e é sobre ela que eu resolvi escrever hoje. O ator negro, recém saído da cadeia, detido durante algumas horas por causa de um surto de fúria, diz aos céus, diante do ator branco que pagou a sua fiança: “Deus, me dê forças para aceitar aquilo que eu não posso mudar”. Vamos tirar Deus da parada e desenvolver a respeito – questões religiosas estão muito além dos nossos domínios mundanos.

Ao longo dos 365 dias do ano, sem contar os bissextos, pra não atrapalhar a conta, e subtraindo as horas de sono, são inúmeras e incontáveis as vezes em que deveríamos apelar para essas forças ocultas em busca de serenidade. Para nos defrontarmos com pessoas, situações e competições escandalosas e, mesmo assim, ainda sermos aceitos no convívio social – regime semi-aberto ou focinheiras de couro sintético não serão aceitos como convívio social – precisamos lançar mão de subterfúgios interessantes, legais, ilegais, naturais, sobrenaturais ou paranormais, espirituais e até medicinais tarjados.

Como exercício, passei a repetir a frase em questão quase que diariamente pra mim mesma, como um tipo de mantra. Pensei até em tatuá-la de trás pra frente, é claro, para que o reflexo no espelho todos os dias de manhã seja suficiente para me auto-sugestionar e passar um dia mais conformado. Não, eu nunca cheguei nem perto de ser encarcerada pelos meus descontentamentos incontidos, mas vez por outra imagino cenas de horror e sangue, num misto de sarcasmo e impotência que quase me corrompe. Exageros engraçadinhos à parte, entoar o mantra é uma forma interessante e barata de nos mantermos longe das forças do mal.

Seu namorado pediu que você o aceite como ele é – não é romântico, não manda flores, não pratica aquelas pequenas surpresinhas que fazem você se sentir a melhor de todas, mas é honesto, generoso e lhe ama profundamente. Na noite do seu aniversário, fez uma pizza, abriu um Malbec de trinta reais e lhe disse, com a taça ao alto: “ao meu amor, que está de anos em festa”. Espero que você tenha se lembrado de evocar o novo mantra da mulher moderna. Se não sentiu necessidade, comunico que você está a dois passos à frente da média das mulheres na escala evolutiva. Parabéns. Por isso e pelo seu aniversário.

Seu colega de trabalho, teoricamente seu “par” nos objetivos comerciais da sua equipe, combinou de acompanhá-la à reunião com o novo cliente no seu primeiro dia oficial de trabalho. Ele sabe o caminho, você não, mas cedinho da manhã você está lá, plantada no local marcado, ainda com um sorriso, entusiasmada com seu primeiro dia de trabalho, apesar do atraso de quase meia hora do seu “par teórico”, que prometeu guiá-la. Ele aparece dizendo que vocês precisam correr para não se atrasarem e dispara na sua frente, ultrapassando o sinal vermelho de um simpático cruzamento. Nesse momento, a baladinha George Michael que você escuta no carro ganha um novo refrão: “forces... forces to accept, to acceeeeeeept... tiu-ru-ru...”.

Ta bom, ta bom. Diga pra mim que eu sou a única descompensada aqui! Faça-me crêr que você nunca visualizou um acontecimento terrível para aquela colega de trabalho módulo Barbie, que faz chapinha todos os dias, usa pó pra parecer bronzeada e deixa O Diário de Bridget Jones sobre a mesa, humilhando intelectualmente todos os seus colegas de setor. Um choque elétrico patrocinado pela Taiff seria mesmo inimaginável pra você? Talvez ela nem tenha lhe feito nada de mais, tirando a vez em que passou na sua frente na máquina de café e serviu para si a última dose de capuccino, ou quando ela votou pela extinção dos feriados prolongados na última assembléia dos funcionários porque não queria trabalhar 12 minutos a mais todos os dias para compensar as sextas e segundas-feiras emendadas. Poupe-me.

Pior do que a raiva manifesta é o descontentamento contido, latente, que fica na superfície, mas não chega a se projetar. Aquele que dá dor de garganta, que contrai os músculos e faz a gente suar – vou patentear essa idéia nas academias como uma nova técnica de emagrecimento com um nome oriental qualquer. A discordância, a discussão sem conclusão ou mesmo a “pé-esquerdice” de um dia qualquer podem levar o sujeito a visitar a sua Fossa das Marianas em segundos. Por isso, eu aconselho: evoquem a frase do ator negro que passou um dia no xilindró. Ele certamente teve tempo para refletir e chegar a uma sentença tão interessante e, porque não, eficaz.

E como todo texto precisa ter moral da história, eu vos digo e repito: você já está exercitando a nobreza de aceitar no momento em que se propõe a repetir a sentença milagrosa, portanto, deixe de ser trancado e aprenda a receber com mais entusiasmo os aprendizados que o próximo pode lhe oferecer, e de graça. Se não for possível, faça como eu: escreva a respeito. É terapêutico e ainda faz os amigos rirem.

mulheres (2003)

Para disputar uma vaga no selecionado rol das mulher que exigem demais, você necessita de alguns predicados. Ter a sua profissão e gostar muito dela – é fundamental você ser capaz de sobreviver fazendo aquilo que escolheu. Ter a sua casa, mesmo que alugada, as suas coisas, o sofá que você escolheu. Ter o direito adquirido de ir e vir na hora que bem entender, com quem e pra onde achar que deve. Separar o lixo seco do orgânico, contribuindo com as futuras gerações. Estudar, ler, viajar e realizar outras atividades, não necessariamente onerosas, para se atualizar e reciclar os assuntos. Metade dessas premissas lhe garantem o entendimento deste texto. Por favor, as mulheres homossexuais que me perdoem: vocês são as mulheres mais felizes do mundo e não estão contempladas neste estudo de entropia social e conjugal feminina.

Fenômeno social concreto observado: a ascensão da mulher, independente financeiramente, chefe de família, mãe solteira, que cumpre jornada de trabalho tripla, faz mestrado, doutorado, ocupa altos cargos e, eventualmente, fuma charuto em confrarias. Dessas tantas mulheres, boa parte delas já aprendeu, faz tempo, a abrir sozinha o vidro de conserva, a trocar a lâmpada queimada e a fazer o seu imposto de renda. Que pena, foi-se o romance. Hoje, os predicados masculinos precisam de muito mais sofisticação do que simplesmente abrir a porta do carro ou pagar a conta do restaurante. Essa mania de engrandecimento da mulher das últimas décadas provocou uma desordem social jamais imaginada, nem pelos filósofos e nem pela Faith PopCorn. Por que não deixaram tudo como estava? Os homens no comando, provedores da casa, famílias com filhos, mãe e pai na mesa de jantar? Foi assim que aprendemos, desde sempre, desde os nossos avós. Essa mania do ser humano... eterno insatisfeito. Temos uma geração de mulheres cardíacas, estressadas, hipertensas, que gritam no trânsito e moram em apartamentos brancos e bem decorados, com cheiro de alecrim da Le Lis Blanc. Sem toalha molhada sobre a cama, sem futebol, sem queijo derretido grudado na torradeira. Elas têm trabalho, casa, comida, teatro, cinema, amigos, jantares, salário, mas estão sozinhas no aspecto conjugal do vocábulo. Se ponderarmos todas essas variáveis, podemos entender porque essas mulheres passaram a exigir muito mais dos seus parceiros para que estes possam assim se considerar um dia. Que ele seja tão ou mais bem-sucedido; tão ou mais culto; tão ou mais informado; tão ou mais globalizado. E daí fica difícil. Se considerarmos ainda que, no Brasil, a quantidade de mulheres é superior à de homens, o contingente de possibilidades fica um pouco mais limitado.

Ainda acho que as pessoas são capazes de amar umas às outras. As pessoas estão tão a fim de amar que amam várias pessoas, e não pra vida toda. Vou chover no molhado: estamos vivendo em um contexto altamente frenético e competitivo. Individualista, isso é inegável. Cada vez mais o “eu” ganha força e os livros de auto-ajuda estouram as edições. Diante disso, amor eterno é um “ativo-passivo”, está em desuso. Então temos: muito mais mulheres do que homens, mulheres mais exigentes e uma sociedade inteira se amando, sem compromissos formais, muitos divórcios e outras tantas manifestações de relacionamento bem mais originais, eu diria. Pensando fria e matematicamente, temos um diagnóstico avassalador, quase desesperador: a solidão eterna para as mulheres que exigem demais. Elas buscam relacionamentos, buscam laços – um comportamento muito típico do ser humano, que não sabe viver sozinho – mas está difícil encontrar alguém que preencha as lacunas. Dependendo do ponto de vista, uma mulher exigente passa a ter duas possibilidades pontuais - um: mudar de atitude e rever o seu padrão de exigência – daqui a pouco, aquele auxiliar de contabilidade que usa camisa social de mangas curtas não é tão mal assim, além do que, a mãe dele faz um doce de abóbora cristalizada que é uma beleza! Ou, dois: se conformar em encontrar em várias pessoas diferentes aquilo que ela buscaria em um único relacionamento. Eu explico – antes que me apedrejem em praça pública por apologia à poligamia - não é nada disso. A nossa vida é formada por vários pedacinhos que se complementam ao longo do caminho, como em um ciclo - o bom e velho ciclo da vida. A gente nasce, cresce e morre, e nesse ínterim, fazemos a nossa interferência particular na vida de uma porção de pessoas. Existe um núcleo - o centro, o equilíbrio - que em geral é onde ficam a nossa família, os nossos valores, nossas aspirações – são coisas menos flutuantes, mais sólidas, que são as responsáveis diretas pela nossa formação de caráter, pela estrutura que vamos levar para o resto da vida. Ao redor deste núcleo, orbitam uma série de outros fatores, como amigos, amores, profissão. Estes são mais “vem-e-vão”, mudam com mais freqüência, e em geral levam algumas coisas embora enquanto trazem outras. Então, no centro, a estrutura; ao redor, o aprendizado. E assim vai girando a nossa máquina.

Eu falava sobre a conformidade da mulher exigente, que se vê obrigada a buscar, nessa órbita tão farta de possibilidades, as diversas soluções para algo que já não tem mais uma única solução – pelo menos pra ela, mulher exigente. Um amigo para carregar as sacolas pesadas do super; um amante para os momentos em que a libido está indisciplinável; várias amigas para dar risadas, comer torta de chocolate e liberar a dopamina acumulada; um cachorro macho, para lhe dar carinho e afeto sem pedir nada em troca, que quando você dá um grito, ele baixa a cabeça, abana o rabo e excita em você todo o seu poder de comando; um projeto especial no trabalho, que vai te exigir algumas horas extras e um reconhecimento intelectual especial – afinal, quem ganha aumento por esforço extra é peão e não você, mulher exigente.

Os modelos é que estão errados.

Eis ai uma boa explicação – ou uma boa desculpa. E tudo continua sendo culpa da mulher inquieta, que insistiu em roubar a poesia da sociedade patriarcal machista e foi à luta – será que tudo começou com a queima dos sutiãs? Bem, deixando os clichês de fora, o assunto é muito sério. Os modelos de relacionamento que insistimos em perseguir são verdadeiramente lindos, ainda estão nos filmes e nos livros. Mas a maioria está na memória das nossas avós ou tias velhas. Eu tenho uma amiga que sempre me comenta sobre os relacionamentos aparentemente perfeitos que ela acompanha – como expectadora. Fulana casou com o fulano, que ela namora desde os dezesseis. Compraram uma casa linda, os dois têm bons empregos, viajam duas vezes por ano. Agora que ela completou trinta e dois anos e eles vão ter um filho, conforme planejado desde sempre. A fulana está com depressão, faz hidroginástica desesperadamente, e só pensa na frase célebre proferida pelo fulano: “Vê se depois de ganhar o bebê na vai ficar gorda e caída, por favor, fulana!”. É... os modelos... tudo parecia perfeito, dentro do planejado.
Aqueles modelos que a gente conhece não se aplicam mais. Eles não estão errados, nós é que estamos insistindo em usar os modelos certos nos contextos errados. É como ir de longo Carlos Tuvfeson num casamento ao meio-dia – você vê, até o meu exemplo tem um “q” de recalque. Sim, eu queria ter um marido perfeito, que me amasse, gostasse dos meus defeitos e viesse atrás de mim depois de uma briga pra me dizer isso na frente de todo mundo – uma coisa meio Harry e Sally, sabe? Eu queria chegar em casa e ter alguém inteligente, complacente, maduro, bem-sucedido, analisado, carinhoso, meigo, de chinelos, assistindo Jornal Nacional no sofá com o gato no colo, me recebendo com um sorriso, um beijo e a célebre pergunta: “como foi o seu dia, meu bem? Vamos comer um sushi ali no Saikô?”... Opa, opa... esqueci que eu marquei um pôquer com as gurias... pronto, o surto passou. Cheguei em casa, tomei uma ducha correndo, dei comida pro gato e já tô saindo.

o tempo

Todo mundo quer ter tempo hoje em dia. Dizem que este é um dos ativos mais valiosos. “Rico é quem tem tempo”, já dizia um cara chamado Costinha. Eu acho isso também. Eu gostaria de ter mais tempo do que o tempo que eu tenho, porque ele cabe só na caixinha do trabalho. Mentira: sobra um espaço pro congestionamento da ida, o da volta e pra dormir. Mas às vezes eu penso que se eu tivesse mais tempo, acabaria, fatalmente, tendo mais trabalho pra caber nesse tempo.

Nesse momento, nada tenho para fazer. Então resolvi sentar e escrever sobre o assunto, só para não perder o costume de arrumar alguma coisa para fazer. A consciência do profissional moderno cosmopolita pesa demais ao assumir o ócio, nem que por alguns instantes, até lembrar que a frase conclusiva daquela defesa de posicionamento do novo cliente ficaria ainda melhor se fosse reescrita.

A escassez de tempo não combina, definitivamente, com perfeccionismo. O perfeccionista é um sujeito quase tão obsessivo, que precisa de tempo para concluir alguma coisa que traga satisfação para si. Fato comprovado: perfeccionismo é uma característica em extinção. Evoluirá junto com o ser humano e seus novos hábitos e vai acabar sumindo, assim como o dente siso, as unhas e alguns cabelos do corpo. Assim como – dizem – o rabo nos abandonou (fisicamente) por uma questão evolutiva – perdeu a utilidade quando nos tornamos seres bípedes. O perfeccionismo perdeu a utilidade ao nos tornarmos ocupados demais.

Que triste saber que essa característica caiu de moda. E se formos analisar profundamente, a categoria está perdendo mercado. O clássico transtorno obsessivo compulsivo, a mania de perseguição e outras demonstrações de traumas infantis ou lacunas psicológicas evidentes estão em desuso no mundo ocupado. Tudo é tão cronometrado que as pessoas acabam até parecendo mais normais. A gente nem percebe mais o tiques do auxiliar administrativo, que pisca o olho ao mesmo tempo em que enruga o canto da boca; do trainee que marca as folhas de papel com a bunda da xícara embebida no café que escorreu no pires. E talvez seja assim que adolescentes perturbados passam despercebidos até fuzilarem a escola inteira. Vai ver sobrou um tempinho no dia e o cara resolveu se ocupar. A culpa é do tempo que nos falta.

Em outros tempos, o tempo respeitava a necessidade particular de todo o ser humano em manifestar suas idiossincrasias, mas isso eram outros tempos. Tempos onde até a palavra idiossincrasia era mais usada – pasmem! Certamente é por isso que os casamentos e outras formas ditas normais de relacionamentos entre seres humanos estejam fracassando com tanto sucesso. Minha vizinha ainda não conseguiu assinar o divórcio porque os horários não batem – os dela, os do candidato a ex-marido e os dos advogados. O juiz é o único que parece ter horário, mas como ele é funcionário público, definitivamente não se encaixa nessa tese.

Há uns meses eu comprei uma casa e o meu banco me ofereceu um produto onde, pagando uma pequena taxa eu conseguiria ter um atendimento mais rápido do que o normal. Espetacular – o banco me cobra para ser ágil, ou seja, ele cobra por um serviço em cima do serviço que eu já tenho como correntista, que paga taxas e outros dinheiros para ter direito a ser cliente do banco. Em se tratando de uma das instituições mais lucrativas do universo (não passei nem perto dos subprimes) ele já não deveria saber que o serviço para o cliente do mundo ocupado tem que ser mais rápido sempre? Aceitável – assim como eu pago para que a empresa de filtro de café seja ecologicamente correta utilizando papel reciclado e melhore a sua imagem com o meu dinheiro. O mundo ocupado não tem tempo nem para ter bom senso.

O Domenico Demasi defendeu o ócio criativo – um momento em que fazer nada pode fazer toda a diferença na sua vida. O meu amigo alternativo lá de porto alegre inventou o nadismo, um tipo de ritual em que as pessoas se concentram para não pensar em nada e deixar que a cabeça vá pra qualquer lugar vazio, branco, inócuo durante 15 minutos, todos os dias. Ou seja: tem gente investindo o seu tempo em desenvolver maneiras de fazer com que as outras pessoas busquem tempo para não fazer nada. Incrível.

Essa semana, após muita reflexão, decidi que vou acrescentar algum desses novos conceitos ao meu job description, contando inclusive pontos para o atingimento das minhas metas pessoais na empresa. Vou inclusive sugerir que esse se torne um novo pilar de rendimento da empresa, e que seja aplicado a todas as outras áreas estratégicas como um novo passo da organização rumo ao futuro, à modernidade. Obviamente vou embasar muito bem o meu raciocínio através das grandes teorias vigentes; vou ler os estudiosos, os especialistas e montar uma defesa sobre o assunto. Assim que me sobrar um tempinho.