quarta-feira, 12 de novembro de 2008

minissérie periódica e imperdível - capítulo 3

c) Intimidade: vocês já sairam algumas vezes e, num belo fim de semana, resolvem fazer um programinha de casal: jantinha e DVD. Dado o alto grau de sofisticação e complexidade, este capítulo será subdividido em duas partes:
- jantinha: cozinhe algo leve, que não pese no estômago, e que não contenha cebolas, alhos ou temperos fortes em geral. A salada é fundamental para mostrar que você é uma pessoa que se preocupa com a saúde e o corpinho, e não uma workahollic que curte fast food e outras coisas deliciosas e venenosas da vida cosmopolita. Nunca, jamais, em hipótese alguma e nem sob um decreto abra o vidro de palmitos na frente dele; ou você dá pra ele abrir e faz aquela cara de positivamente impressionada diante da facilidade com a qual ele abre o vidro ou, quando ele chegar, os palmitos já devem estar cortados dentro da saladeira pra não gerar assunto. Abrir a conserva sozinha é o fim para um homem, uma demonstração muito agressiva de independência – ele jamais suportaria e você perderia valiosos pontos. Não tome álcool durante o jantar – água sem gás ou coca-light, por favor.
- DVD: se ele for educado, vai chegar já com o filme em mãos ou vocês irão até a locadora escolhe-lo juntos. Quando ele se inclinar para aquele lançamento que faz uma releitura da Guerra do Vietnã sob o ponto de vista americano, com muito sangue, morte, explosões e todas essas delícias do cinema hollywoodyano, tenha um pequeno chilique, faça beicinho, coloque o indicador da mão direita na boca e sugira, com cara de sapeca, que vocês assistam novamente Doce Novembro. Chore no final do filme, mas de forma comedida para não borrar o rímel. Depois do filme, como boa mulherzinha, puxe um papinho morno, olhe pro relógio e sugira que você está com sono e que, quando não dorme 8 horas numa noite, acorda com a pele “cansada”. Nunca, jamais, em hipótese alguma e nem sob um decreto mantenha relações sexuais com o indivíduo na primeira vez em que ele vai a sua casa. Isso seria uma forma de ruir com toda a obra já erguida nos dias anteriores, dado o sacrifício que foi aturar o papo da surdina e evitar chamar o garçom de “amigo”. Calma, estamos quase lá.

(continua)

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