quarta-feira, 7 de abril de 2010

Alguma coisa acontece

Alguma coisa de muito estranha acontece com as pessoas.
Às vezes elas simplesmente esquecem, ignoram aquelas coisinhas básicas da vida coletiva que aprenderam desde as fraldas.

Mães e pais ensinam a gente a dividir os brinquedos, o lanche na escola. A maioria ensina aos meninos que é feio levantar a saia das meninas pra ver a calcinha, por mais que isso seja superdivertido naquela idade. Ensinam as meninas a sentar de pernas cruzadas ou a beijar e abraçar os mais velhos e as visitas com afeto.

Vamos crescendo e o contexto no qual nos vemos inseridos convida-nos a adquirir hábitos novos, reaprender algumas coisas, vê-las sob outro ponto de vista, e isso se reflete diretamente nas nossas atitudes. O espelho comportamental as vezes não crê naquilo o que reflete. Já premeditava o mestre Aluísio Azevedo sobre o quanto esse enredo chamado meio ambiente nos lapida ou nos corrompe com atrós facilidade - e eu concordo com ele.

Na era das redes sociais, da web devoradora, do fácil acesso que temos a tudo e a todos, inclusive a meias-verdades, precisamos cada vez mais de backgrounds sólidos dentro das nossas casas. Se neguinho não souber filtrar, capaz de surgirem novos Führers, novos Malufes, novos quaisquer coisa, aptos a transformar a vida de um grupo de pessoas num pseudo-inferno. Pode ser um vizinho chato, sem noção do volume do rádio; um desconhecido egocêntrico, que dá espetáculo na fila do supermercado; um colega de trabalho inseguro, sem qualquer espírito coletivo.

Não dá pra aprender postura e retidão na internet. No colégio eu duvido e, em casa, eu temo cada vez mais. Vão-se pelo ralo as noções de certo e errado quando mais se precisa delas. Quem já não furou uma fila? Quem já não copiou um belo texto da internet e apossou-se dele como sendo seu? Atire a primeira pedra quem for capaz, ou junte-se a mim, suspire e sinta saudades daqueles tempos em que uma citação supunha aspas e, mesmo assim, dava pra manter a auto-estima da gente numa boa.

Em tempo, refleti e retifico: meninos sempre gostam de levantar a saia das meninas, independente da idade.


Um comentário:

Anônimo disse...

OBS 1: Parabéns pelo texto.

OBS 2: A última frase é a mais pura verdade.

Beijos

Pedro