domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ácido.

Pessoas como eu deveriam ser sumariamente proibidas de ter blogs, facebooks, colunas em jornais e revistas, twitters ou qualquer outro tipo de meio pseudo-público de expressar suas opiniões. Nem sequer um celular habilitado ao SMS. Deveríamos, sim, ser isolados do convívio involuntário com outros seres da mesma espécie, restritos a pai e mãe, família e amigos muito chegados. Ponto.
Assim são os ácidos, aqueles que expressam seus pontos de vista mais críticos - ao melhor estilo "fratura exposta" - sobre o mundo e sobre si mesmos. Sim, porque não pense você que, em meio à tanta espontaneidade, não sobra tempo para uma auto-reflexão e, consequentemente, um auto-flagelo muito bem executado, com requintes de crueldade, torturas psicológicas e ferro quente. (essa parte é mentira...)
Eu sou do tempo em que a crítica era o meu melhor presente, a minha melhor forma de demonstrar bem-querer, consideração por alguém. A crítica era o amor em forma de verbo, de ação, e servia para, provocado o confronto, evoluir, melhorar, desabrochar um conceito novo.
Agora, passo perto das jaulas da censura, dos eufemismos cínicos das diplomacia e aprendo com isso. Retidão não é green card para nenhum território, ao contrário, é o mais blasè dos elogios.
Não nego, já me adaptei. Com muita dificuldade, mas com a sabedoria do senso de sobrevivência e da chegada dos trinta anos.
Não nego, doeu. Tomo uma aspirina e sigo em frente.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Logo.

Eu preciso escrever logo, antes que acabe o mês, porque janeiro foram três e fevereiro somente um. Dois, agora. Quase. Indo.
Eu preciso ao menos manter a média do ano passado, que já achei parca, insuficiente, pouca para dar vasão à tanto o que pensar. Eu preciso escrever logo antes que elas fujam - elas, as idéias, ou eles, os fatos.
Eu preciso acabar logo, porque depois de escrever tem o trânsito, a pauta, o jantar, e, logo, um deles vai atrasar. O problema todo é organizar - o que vem primeiro e o que vem logo depois. Priorizar, o que significa escolher, porque um deles vai ficar pra logo mais.

É dificil viver na logosfera.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A volta dos que não foram

Parece assunto repetido, mas não é. Quer dizer, até é, porque quando determinadas pessoas de um passado recente voltam ao nosso convívio, por mais que passem os anos, tem um quê interessantíssimo de nostalgia no meio de tantas notícias.

Todo mundo conta novidades depois de anos e anos. Todo mundo casou, separou, se formou, trabalha, viaja. Todo mundo troca de casa, coloca peito ou vira gay. Todo mundo tem um milhão de novidades pra contar multiplicadas pelas décadas que se passaram desde o último encontro. É maravilhoso ouvir como as pessoas evoluíram, mas o mais bacana é ver como elas são, no fundo, aquelas mesmas. Com mais ou menos dinheiro, mais ou menos sucesso, um sotaque diferente ou alguns fios prateados no cabelo, mas com olhos, gestos e idiossincrasias de tempos atrás.

No meio da conversa contemporânea, sopra a vontade de passear de novo naquele contexto, so para sentir os mesmos cheiros, os mesmos gostos, os mesmos sonhos. Resgatar coisas, como quando a gente abre uma caixa que ficava sobre o armário, ou quando a gente coloca a mão no bolso da calça e acha uma nota de dinheiro. Sensação de achar algo que não se perdeu, que sempre se soube ali, só faltava pegar.

Peguei. Adoro.