segunda-feira, 18 de maio de 2009

Paixão colorada

Sempre achei que, com o passar dos anos, essa euforia fosse se amenizar. Deixar de gostar do assunto totalmente nunca foi uma hipótese, mas dar fiasco no meio do bar também não era uma das minhas opções. 

Quando pequena, à sombra do meu pai, peguei esse vício incontrolavelmente (ainda) masculino de gostar de futebol. Não bastando os escândalos quando era proibida de ir ao estádio - deve ser um saco levar uma guriazinha ao jogo todo santo domingo - me projetei aos gramados e fui defender algumas bandeiras entre os 12 e os 18 anos. Sim, fui jogar e ganhei destaque como ponta de lança - função que nem leva mais esse nome. Oras também na camisa 10 - coisa que raramente se vê hoje em dia, mas, não pelo desuso do termo e sim pelo desuso da função mesmo. 

Esse comportamento técnico-passional, de xingar e vibrar com embasamento tático sobre o esporte, num misto de palavrões brandos e mandatórios absolutamente funcionais sobre a performance do jogador ou a estratégia do adversário, sempre chamou a atenção dos espectadores dos meus "espetáculos" públicos. Para o bem e para o mal. Alguns homens muito interessados; algumas mulheres valorizando o aspecto patético do gestual exagerado, das mãos balançando, dos punhos cerrados na hora do gol. Lágrimas são menos corriqueiras, mas pelo menos são bem mais femininas...

Vergonha? Não sei explicar direito, mas, na hora, é como se eu sumisse, como se eu ficasse invisível ou adquirisse algum superpoder capaz de me fazer acreditar que nada estava acontecendo aos olhos dos outros.

O mais triste disso tudo é que a idade não levou essa coisa embora. Sequer amenizou. Nem morando a mil e duzentos quilômetros de distância do "celeiro de ases". Quanto mais eu entendo do assunto, mais difícil fica largar o vício - tenho crises de abstinência severas se não sei o que está acontecendo inclusive com os adversários das próximas 23 rodadas. 

Se com a maturidade, o "semancol" não veio de série, ao menos fiquei mais esperta. Optei por assistir a todos os jogos - ao menos os mais importantes - no sossego do lar. Torçam pra eu não perder o marido e, por favor, evitem tirar conclusões de nível psiquiátrico sobre o meu superpoder.


quinta-feira, 14 de maio de 2009

Texto fofo.

Hoje eu não vou escrever nenhuma crítica sobre nada. Vou tecer comentários elogiosos.

Eu vou elogiar alguns tipos de amizade que eu conheço, e que realmente fazem a diferença na vida de qualquer ser humano capaz de produzir números mínimos de sinapses para entender o que isso significa. Sim, pois o que seria dos sentimentos sem um organismo pensante que os relativizasse e provasse ao seu dono que isso é mesmo especial?

Eu ouso chamá-las - essas amizades - de amores, porque não. E em geral as minhas vítimas são tão merecedoras, que não importa se ficamos meses ou anos sem nos ver - quando a gente se vê, tá tudo igual. São vínculos não-perecíveis, não dão cheiro e não soltam as tiras. 

Amizades mais recentes também tem crédito nesse rol. E você vê de cara quem são os candidatos com potencial ao trocar um simples aperto de mãos. Não precisam ter sorriso franco ou bochechas coradas como dizem nos manuais sobre amizade, mas ter coisas do lado de dentro que, de tão verdadeiras, são visíveis a olhos nus.

Eu sou mesmo uma criatura privilegiada e agradeço a cada um dos meus amores-amigos. São de todos os tipos e jeitos diferentes, cada um com a sua coisa maravilhosamente especial que me conquista e me faz querer ser melhor todos os dias para merecê-los.

Hum, que fofinha.